quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

E assim acabou...

C (com um ar meio desconfiado): prima... Este ano o Pai Natal era o T não era?
Jo: o T? Não... Era o Pai Natal era o Pai Natal... Então tu não viste o fato e as barbas???
C: é que ele estava muito magrinho... E pareceu-me mais pequeno... E eu não vi o T quando os presentes chegaram...
Jo: oh, coitado... Está velhote... Tu não vês que os avós também são pequeninos?! Quando as pessoas ficam mais velhinhas ficam mais pequenas... E o T esteve sempre ao pé de mim! Não o viste??

Não me pareceu muito convencida... Quer-me parecer que foi o último ano em que houve alguém a acreditar no Pai Natal... Vou ter saudades...

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Então e a especialidade?

Todos os dias alguém me faz esta pergunta. E eu todos os dias penso e volto a pensar e chego sempre à mesma conclusão. Não quero uma especialidade cirúrgica nem médico-cirúrgica, quero uma especialidade medica, mas mais não sei... Todas elas têm vantagens e desvantagens. Não há nenhuma neste momento que eu possa dizer que é perfeita para mim.
Felizmente há muitas em que vos digo que sinto que poderia ser feliz, e isso deixa-me algo descansada. E neste momento dou-me por muito feliz por só ter de escolher daqui a dois anos, porque neste momento, mesmo que pudesse escolher qualquer uma, não faço ideia do que escolheria...

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Da Pediatria

Numa situação normal teria ficado chateada por hoje o meu único doente ser aquilo a que chamam um "caso social". Basicamente isto quer dizer que da parte clínica já podia ter alta, mas por uma questão social não pode. O D. ainda não tem um mês de vida e está lá abandonado naquele que agora nas próximas semanas é o meu hospital. E não é o único. Há lá mais bebés na mesma situação, mas para mim o D. é especial. É o "meu bebé do hospital" e por isso quando tenho tempo e quando posso sou eu que o vejo. E quando não me calha a mim ficar com ele arranjo sempre um bocadinho para ir lá visitá-lo. Dar-lhe colo, ajudar no banho ou dar o biberon. Parte-me o coração vê-lo lá sozinho, tão pequenino. Ainda não tinha nascido e já lhe tinham feito tanto mal...
Mas não foi para falar do D. que cá vim hoje.
Tinha acabado de ver o D. e estava com aquele sorriso estampado na cara com que fico sempre que o vejo. Estava a caminho da sala dos médicos quando lá ao fundo oiço uma voz infantil.
- Olha, podes-me ajudar?
Olhei para o fundo do corredor e vi um miúdo à porta da casa de banho a sorrir. Não o conhecia. Passou-me pela cabeça que pudesse ser o miúdo de que me tinham falado ontem mas não correspondia à imagem que tinha na minha cabeça. Imaginava-o um miúdo mais pequeno, com um ar tímido. Mas este não era tímido. Dirigi-me a ele é disse-lhe que claro que o ajudava no que pudesse.
F: olha, onde é que ponho a minha roupa para tomar banho?
Jo: hum... Acho que podes deixar em cima do lavatório...
F: e ponho a roupa para lavar no cesto?
Jo: sim, é melhor...
F: onde está o sabonete??
Jo: hum... Nao há no chuveiro? Em ultimo caso podes usar o de lavar as mãos, também serve. Não te conheço...
F: pois, eu também nao te conheço - estendeu-me a mão - sou novo aqui no colégio.
Jo: quantos anos tens?
F: tenho 11.
E então eu soube que era ele. Que era este o rapaz de que me tinham falado. Este rapaz despachado, sorridente e confiante. Nada como o tinha imaginado. E então, assim que me apercebi disto senti que não sabia se estava preparada para lidar com ele é com toda a situação.
Jo: vá, toma lá o teu banho, pendura a toalha na porta e depois veste-te aqui na casa de banho.
Mas ainda não tinha acabado a frase quando ele me virou as costas e tirou a camisola. E então eu vi. Cicatrizes incontáveis nas costas, como se tivessem sido chicotadas. Umas maiores, outras mais pequenas, umas mais antigas, outras mais recentes... Tentei não olhar, mas não conseguia. E ele continuava a falar comigo, de costas voltadas, mas eu já não o ouvia.
Como é que é possível que estas coisas aconteçam? Que raio de mundo é este onde é "normal" abandonar crianças nos hospitais, ou bater-lhes, ou partir-lhes braços ou costelas?? Ou ter um filho com doenças graves e não saber quais os medicamentos que a criança toma?? Ou ter um filho adolescente que se automutila e não se dá conta???
O que é que se está a passar???

terça-feira, 12 de novembro de 2013

1/6

E o primeiro estágio passou a voar! Contra todas as minhas expectativas acabou por ser um dos melhores estágios que tive até hoje. Aprendi imenso, trabalhei mais do que muito, passei vários dias com olheiras até ao chão, mas valeu a pena.
Este estágio mudou em muito a visão com que tinha ficado da Medicina Geral e Familiar no ano passado. Aprendi não só de medicina como também aprendi muito sobre o funcionamento do SNS, das unidades de saúde familiar e toda a parte mais burocrática que faz com que as coisas até funcionem.
Aprendi muito sobre trabalho em equipa, gestão de recursos humanos e gestão de conflitos. Cumpri os objectivos a que me tinha proposto para este estágio e ultrapassei muitos deles. Conheci muitas pessoas cinco estrelas, sem as quais este estágio não teria valido metade do que valeu, que me ajudaram sempre que precisei, e recebi elogios suficientes para me encherem o ego para o resto do ano.
Espero que os próximos sejam igualmente gratificantes (não vai ser fácil, mas tentar não custa).
Agora começou a pediatria, desta vez em hospital. Vamos lá ver o que me está reservado. Pelo menos uma coisa é certa: o horário é bem mais simpático.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Chegou

Chegou o sexto ano. Aquele ano que já está tão distante do início da faculdade que já ouvi caloiros chamarem "senhores" a colegas meus. Aquele ano em que não há aulas, só estágio e, no final, o temido exame de seriação para acesso à especialidade. O exame que vai condicionar o resto de toda a nossa vida.
Comecei pelo estágio de Medicina Geral e Familiar. Não escolhi o local do estágio e acabei por ser colocada aleatoriamente em Sintra. E que sorte que tive! Já aqui escrevi que adoro Sintra. Pois bem, agora tenho a felicidade de ir lá todos os dias. Fazer o caminho de carro para lá, que é logo meio caminho para me deixar feliz, e depois estacionar para trás do sol posto (porque para arranjar estacionamento sem parquímetro nao é fácil...) e ir a pé para o local do estágio deixa-me com a sensação de estar preenchida. Acho que não quero ir para Medicina Geral e Familiar, mas reconheço a importância que esta especialidade tem e tive a sorte de calhar numa boa equipa e de ser bem acolhida. Esperemos que as próximas 5 semanas e 2 dias continuem a correr bem (e que os ares de Sintra me continuem a dar força para as cerca de 40 horas semanais de estágio).

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Das coisas que marcaram as férias

Estava em casa depois do jantar a ver televisão com os meus primos. A dada altura, num desenho animado, uma das personagens disse que qualquer coisa era prevenir outra coisa qualquer.
K: prima, o que é prevenir?
Pensei um bocadinho sobre como lhe havia de explicar. Pensei dizer-lhe que prevenir algo era evitar que algo acontecesse, mas depois achei que provavelmente ele também não sabe o que é "evitar".
Jo: prevenir é proteger. Por exemplo, levas vacinas para te proteger de ficares doente, para prevenir as doenças. Pões protector solar para protegeres a pele dos escaldões, para prevenir os escaldões. Percebes?
K: Sim, percebo.

No dia seguinte estávamos na praia e dei-lhe um abraço grande. Daqueles abraços que dou quando quero que ele fique sempre assim pequenino e querido e junto a mim.

K: o teu abraço é muito prevenido...
Jo: K, lembras-te o que é prevenir?
K: sim, prevenir é proteger.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Talvez seja só eu...

Mas eu acho que é triste chegar ao fim do dia e pensar: "quem me dera ter mentido hoje".
Às vezes a verdade magoa. Às vezes a dificuldade de lidar com uma verdade supera os benefícios morais que esta possa trazer. De todas essas vezes, questiono-me até que ponto é que a verdade vale mesmo sempre a pena.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Do fim-de-semana e de Sintra

Adoro Sintra.
Para mim é dos sítios mais bonitos, mais mágicos, mais especiais que conheço. Tem aquele cheiro a história, mistério e romance que não sei bem explicar mas que só aquele cheiro poderia dar um livro.
No fim-de-semana passado voltei a Sintra. Duas vezes.
Sexta-feira à noite fui com o Namorado jantar e depois assistir à peça Conspiração no Palácio no Palácio Nacional de Sintra. A peça foi extraordinária e desde já recomendo a todos os que por aqui passem. Estará em exibição até dia 11 de Agosto, 6ªs, sábados e domingos. O preço é de 12 euros (bilhetes à venda na fnac e na bilheteira do palácio) e garanto-vos que serão 12 euros bem gastos. Não só a peça é interessante (sobre a vida de D. Afonso VI - fica o link para o caso de saberem tanto de História como eu [não] sei), como também está muito bem interpretada por estes meninos e vos permite ficarem a conhecer um bocadinho do Palácio.
Jantámos num restaurante que não conhecíamos. Chama-se "O Apeadeiro". Fica perto da estação de comboios. Fomos muito bem atendidos, todo o pessoal do restaurante é muito simpático e prestável e a relação preço-qualidade é excelente. Saímos de lá muito felizes com a escolha (não tínhamos ainda descoberto um restaurante em Sintra que nos enchesse as medidas sem nos esvaziar demasiado os bolsos) a dizer a meio mundo que o restaurante era óptimo. Mas aparentemente meio mundo já o conhece. E disseram-nos que não tínhamos comido a especialidade do restaurante, que é bife à café. Resultado: Sábado tive de voltar a Sintra. Valeu a pena. Vale sempre.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Aquele momento estranho...

... Em que recebes um pedido do teu pai para o te aceitar como amigo no facebook , vês e pensas: amanhã logo decido o que faço com isto...

sábado, 29 de junho de 2013


Eu podia escrever um texto lamechas a dizer que vou ter imensas saudades tuas e que as férias de Verão sem ti não vão fazer sentido. Podia dizer-te que ainda ontem eras assim pequenino e que é assim que ainda te vejo.
Podia.
Mas não vou dizer, porque sabes que se to dissesse estaria a mentir.
Não vou morrer de saudades e as minhas férias vão ser boas na mesma. Vão ser diferentes, claro. Nos últimos 19 anos foram passadas contigo. Mas vou divertir-me na mesma.
Vais 3 meses para Barcelona, sozinho, fazer um estágio em que vais fazer nem eu sei bem o quê. Engenhoquices dessas que tu desde pequenino tens a mania de fazer. Sempre foste o engenhocas da família.
Foste seleccionado entre vários candidatos para este estágio. Sabes que é uma boa oportunidade para o teu currículo e acima de tudo para ti. Uma oportunidade que tu conquistaste com o teu esforço, trabalho e dedicação. O mérito disto é teu e de mais ninguém. Mereces estar aí.
Quando olho para ti já vejo um homem. Mesmo quando cortas a barba e a mãe diz que ficas com carinha de bebé.
Aproveita esse estágio. Aprende tudo o que conseguires e aproveita Barcelona mesmo à grande. Hei-de ir lá visitar-te.

PS: Reforço que fico à espera do melhor presente de aniversário de sempre. Não é só presenteares o Estado Português com impostos.

sábado, 22 de junho de 2013

De ontem

Ontem foi um dia bom.
A temível oral de medicina ficou feita, com a nota que eu queria.
Mas aquilo que mais preencheu o meu dia de ontem foram palavras. Palavras de quem eu esperava e de quem eu não esperava. Palavras de pessoas a quem talvez nem sempre eu dê a atenção devida, mas que ontem, nada tendo a ver umas com as outras, fizeram questão de me dizer o quão importante eu sou para elas.
E até mais do que a oral de medicina, foi isso que encheu ontem o meu coração.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Na recta final

Esta é a minha última semana de aulas. Não deste ano. Provavelmente é mesmo a última semana de aulas da minha vida toda. Ainda tenho mais um ano de curso, mas será um ano só de estágio onde conto que o meu tempo passado no "hospital-casa" seja o mínimo indispensável.
É a última semana em que vou estar com todos os meus colegas juntos em aulas. Não que nós vamos às aulas. Na maioria das vezes não vamos. Mas sabemos sempre que é provável que nos cruzemos num corredor qualquer do hospital, ou numa biblioteca, ou na estátua em frente ao hospital a apanhar sol.
Estou a uma semana e meia daquela que será a minha última época de exames. A última época de exames da minha vida. A última vez que vou ter de fazer exames inúteis como exame de ética ou de medicina legal. A partir daqui fica só a sobrar o exame de acesso à especialidade e os exames da especialidade. Todos eles bem mais úteis.
Vou perder o contacto com muita gente. Sei que sim. Claro que existe o Facebook, telemóvel, email, e nada inviabiliza que contactemos nos aniversários, ou talvez no Natal. Mas esta semana quando me cruzo com estas pessoas na faculdade penso: "Estas conversas vão acabar em tão pouco tempo...". Não será assim com toda a gente, claro. Quem é amigo fica. Estou a falar das pessoas com quem tenho conversas circunstânciais que até sabem bem, que até são agradáveis, mas que não marcaram o meu curso.
Sinto um certo vazio quando oiço coisas como "Epá, estou farta do senhor da loja de fotocópias, nunca mais lá volto a imprimir nada" e eu me apercebo de que não vai haver mais nada para imprimir. Faz-me confusão quando penso que tenho rifas para vender para a Noite da Medicina porque a próxima vai ser organizada por nós. O que quer dizer que será a nossa última Noite da Medicina. A sexta NM da minha vida.
Sexta-feira vou ter um almoço de despedida da faculdade. Um almoço de amigos, só para o convívio e para a palhaçada. Tenho a certeza de que vai ser divertido, de que vai deixar memórias. Mas também sei que quando entrar no restaurante vou sentir aquele aperto no peito de quem sente que aquela é a última vez.

domingo, 2 de junho de 2013

Mas o que raio vem a ser isto???

Consta por aí que o Verão vai ser frio, o mais frio desde há não sei quantos anos. Ora, depois dos exames eu até gostaria de aproveitar o Verão. Neste preciso momento não me dá jeito nenhum. Irrita-me olhar lá para fora e ver o céu limpo, abrir a janela e ter um bafo de calor que quase me sufoca a entrar-me pelo quarto, entrar no meu carro que está com o ar condicionado avariado, abrir a janela para ver se fica mais fresco e não correr uma brisa. Portanto, S. Pedro, vamos lá a ver se nos entendemos... Dias destes podes guardá-los até eu acabar os exames. Depois, tens carta branca para os distribuíres por aí. Até lá podes trazer frio e chuva que eu não me importo nadinha.

E vocês como são todos uns fofinhos não se importam de ser solidários para comigo e guardarem os dias de praia para depois.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

O que me anda na cabeça

Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.

Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.

Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.

Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.

Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.

Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.

Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.

Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.
Se tudo correr bem, esta é a minha última época de exames.

Agora é só fazer figas com mesmo muita força para correr bem e eu poder ter um verão de jeito em vez de passar Agosto todo a estudar






quinta-feira, 25 de abril de 2013

Tarde de gajas

Hoje foi dia de tirar um bocadinho da tarde para dedicar às minhas Drama Queens.
Soube-me pela vida. A companhia, o solzinho a bater durante 3 horas sem interrupções...
Fizemos um lanche num sítio meio alternativo aqui perto. Custou-nos os olhos da cara, mas os nossos momentos ao melhor estilo do Sexo e a Cidade compensaram e acho que conseguimos tirar o nosso melhor conjunto de fotografias de sempre. O que é estranho dado que não faço ideia do que nos passou pela cabeça para tirarmos fotografias em poses tão parvas. Vi-as agora e não consigo evitar rir em todas elas.
Sabe bem ser "parva" de vez em quando.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Respira que amanhã já é sexta

Depois de uma semana bastante atribulada em que me senti a correr e com o chão a fugir debaixo dos pés quase 24 horas por dia todos os dias, finalmente chegou a altura em que pensei: "são quase 21:00h, vou para casa e ainda é hoje que faço alguma coisa de produtiva (sim, porque com tanta coisa a acontecer nem me tinha apercebido de que estou a cerca de mês e meio dos exames)".
Despedi-me do Namorado, meti-me no carro e pus-me a caminho. Virei à esquerda, depois à direita, e liguei ao Namorado em busca de mais mimos e companhia para o resto da viagem. Falámos uns 15 segundos até que comecei a ver os carros à minha frente a inverter o sentido. Ao fundo, na estrada, estavam umas 15 pessoas, e vi um vulto no chão, com uma mota caída.
Avancei com o carro, disse ao Namorado o que estava a ver e disse que lhe ligava dali a pouco. Estacionei e aproximei-me. Perguntei a um senhor o que se tinha passado e se já tinham chamado o 112. Era uma rapariga mais ou menos da minha idade. Um carro tinha batido na mota e ela tinha caído. O senhor do carro andava de um lado para o outro com um cigarro na mão a consumir-se em nervos, a dizer repetidamente que se dava como culpado. A rapariga estava no chão, com o capacete posto (felizmente), a chorar. Aproximei-me e pensei: A (airway), B (breathing), C (circulation). Quando me apercebi de que estava a chorar fiquei satisfeita. Ao menos o coração bate e ela respira. Aproximei-me por entre as pessoas e ajoelhei-me na estrada ao lado dela. Uma rapariga amiga dela estava a segurar-lhe a cabeça direita e a falar com ela. Peguei-lhe no braço e senti o pulso radial. E já não o larguei mais. Ao fundo consegui ouvir a ambulância. De repente a rapariga fechou os olhos. A amiga chamava-a repetidamente, cada vez mais alto. À minha volta começaram pessoas a gritar que a ambulância nunca mais chegava e que ela devia ter um traumatismo craniano. A amiga continuava a chamá-la. Eu continuava a sentir o pulso. Meti a mão à frente do nariz dela. Respirava. A ambulância continuava a ouvir-se, ora mais perto, ora mais longe... Não devia encontrar a rua... E eu só pensava:" por favor não entres em paragem porque eu não sei se nesta posição te consigo reanimar e não estava com vontade de te mexer muito". Ao fim de 5 minutos chegou a ambulância. Expliquei que tinha pulso (frequência de cerca de 90bpm), respirava e que tinha perdido a consciência há cerca de 5 minutos. Perguntaram-me como tinha sido o acidente, mas não sabia responder porque não tinha assistido. Começaram a falar com as outras pessoas que lá estavam. Afastei-me da rapariga para dar espaço ao pessoal do INEM. E de repente tudo estava resolvido, eles estavam a tratar da rapariga e a estrada começou a ficar vazia.
Voltei ao meu carro e vim-me embora. Estava calma. Com a mesma calma que teria se tivesse saído do carro para ir perguntar direcções ou para ir comprar pão para o lanche. Estranhei. Pensei que talvez fosse demorar tempo a reagir, que quando chegasse a casa ia ter a minha descarga de adrenalina. Já passaram mais de duas horas. Até agora nada.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Jo e/vs MGF

Inevitavelmente mais de metade de nós irão acabar por fazer medicina geral e familiar (MGF) como especialidade. Desses, tenho a certeza de que bem mais de metade irão para MGF não por ser a sua primeira opção, mas sim porque são as vagas que sobram.
Este semestre estou a ter a cadeira de MGF e as minhas expectativas antes de começar eram grandes. Achei que iam tentar fazer os possíveis por nos entusiasmar com a cadeira. Que íamos aprender coisas efectivamente úteis pelo menos para metade de nós. Que, como nos disseram na primeira aula "muitos de nós têm uma ideia errada da MGF" e que iam tentar corrigi-lá.
Nestas semanas de aulas constatei que é verdade, sim. Tinha uma ideia errada. Os estágios que tinha feito até agora em medicina geral e familiar foram dezenas de vezes melhores do que a ideia que nos vendem de MGF por aqui. Eram estágios de médicos a ver doentes. Estágios de médicos que fazem toques rectais se acharem que é preciso, que lavam as mãos entre doentes porque sabem que os bichos não existem só nos hospitais, de médicos que acham que uma tensão arterial sistólica de 17 é de valorizar e que nem tudo se resolve com conversinhas sobre os problemas do agregado familiar.
Claro que é importante perceber o que preocupa o doente, ver a pessoa como um todo, e tudo isso. Mas isso já sabemos. E quem não teve o bom senso suficiente para perceber isso sozinho até agora, por mais aulas que tenha sobre a importância que isso tem também não vai chegar lá.
Se um dia for para MGF, esta não será provavelmente a minha primeira opção. Acho que conseguia fazer um bom trabalho, acho que até conseguia ser feliz em MGF, mas falta-me o hospital, as urgências, e para já acho que isso é uma das coisas de que preciso. Se um dia for para MGF não será certamente graças a estas aulas. E se um dia for uma boa médica de MGF também não é graças a estas aulas que vou ser melhor.

sábado, 16 de março de 2013

Palavras

Não é nada que nunca me tenha dito. Nada que eu não saiba. Nada que eu não sinta.
Mas ainda assim, sabe sempre tão bem ouvir...

sábado, 9 de março de 2013

Percebes que estas ha demasiado tempo na faculdade

Quando nao vês nenhum problema em ligar para a telepizza a pedir para te entregarem pizzas na morgue para o teu jantar

terça-feira, 5 de março de 2013

Do oftalmologista

Quando cheguei fui para uma sala com uma optometrista. Ela perguntou-me do que é que me queixava e eu disse que de nada de especial. Vejo bem, não tenho queixas. Quando estudo muitas horas fico com os olhos vermelhos, mas já não é uma coisa de agora.
Ela mediu-me a pressão ocular e depois mandou-me espreitar por uma máquina e ver uma imagem. Fiz isso com cada olho e no final ela olhou para os resultados e disse: "hum... Vamos repetir" com um ar bastante desconfiado. Repeti e ela mandou-me esperar pela oftalmologista.
Quando entrei novamente a oftalmologista perguntou-me: "então o que se passa? Não anda a ver bem?". Respondi que, tanto quanto me parece vejo bem, já meia intrigada e a tentar ver as folhas da optometrista.
Passámos ao teste das letras. Normalmente acerto sempre todas, mas desta vez já falhei 3 das mais pequenas. Uma com o olho direito e duas com o esquerdo. De qualquer das formas a oftalmologista disse que desta vez ainda me safava dos óculos.
Passámos então aos outros testes. Parece que vejo bem, mas tenho um "defeito na convergência", o que para mim é novidade. Além disso tenho uma queratite no olho direito portanto agora tenho de pôr umas gotas no olho 4x por dia (gosto tanto ou tão pouco de pôr gotas nos olhos que ainda nem fui buscar o medicamento à farmácia...). Diz ela que é de estudar muito tempo e passar muito tempo ao computador. Pestanejo pouco e produzo poucas lágrimas. É bom sinal, não me lembro de quando foi a última vez que chorei.

Quer-me parecer que foi a ultima vez que saí do oftalmologista sem duas lentes por companhia...

segunda-feira, 4 de março de 2013

Queres desenhar o corpo humano?

Neste fim-de-semana tive os meus 3 primos a dormir lá em casa.
Quiseram desenhar o corpo humano.
Achei por bem ajudá-los com boa bibliografia para o desenho à vista

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sevilha

Foram 6 dias em que andei por quase todas as ruas de Sevilha.
Vi catedrais, basílicas, capelas, museus, palácios, jardins, vários monumentos... Não andei num único transporte desde que lá cheguei até me ir embora. Foi sempre tudo a pé. Fazia vários quilómetros por dia e acho que por isso fiquei a conhecer melhor a cidade.
Adorei.
As ruas, os cheiros, a comida (se não fossem as distâncias que fazia diariamente as minhas ancas e rabo haviam de carregar uma lembrança desta cidade durante longos meses).
Revi amigos que não via já há uns tempos e é sempre bom perceber que é como se ainda ontem tivéssemos falado, porque a conversa flui como sempre, sem dificuldade.
Conheci a faculdade de medicina de Sevilha (não ao pormenor, não estive lá muito tempo), falei com algum pessoal de lá e comparámos cursos e ganhei boas ideias para os semestres que se avizinham.
Foi bom. A companhia não podia ter sido melhor, diverti-me como não me divertia há muito tempo, a ponto de chorar a rir e estava a precisar desta quebra entre semestres.
A seu tempo virão as fotografias.
Agora é preparar para o próximo, que já está à porta.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Desde há uns 10 anos para cá que passo férias de verão sempre no mesmo sítio. É uma zona de praia, familiar, onde toda a gente se conhece.
Sempre houve varias famílias com miúdos da minha idade. Eu nunca fiz um único amigo lá.
O meu irmão é o contrário. Chega à praia e demora uns 10 minutos a chegar à beira-mar entre apertos de mão e beijos aos amigos e amigas e aos tios todos.
Eu não tenho paciência. Começo a ver irmãos a tratarem-se por você e fico logo doente.
Sempre fui aquela personagem meia estranha naquela praia em que toda a gente se conhece. Chegava à praia, ia direitinha até à beira mar sem parar uma única vez, sentava-me na minha toalha, e ali ficava a ler um livro ou a escrever durante longas horas, alternando com um ou outro mergulho. O meu irmão ficava furioso comigo porque os amigos dele comentavam, perguntavam se eu era só tímida ou se tinha algum problema ou assim. E por mim era para o lado que eu dormia melhor. Não sou tímida nem tenho nenhum problema (diagnosticado pelo menos). Simplesmente gosto do meu espaço e do meu tempo e não estava para ali virada.
Nunca tive facilidade em fazer amigos. Sou simpática, regra geral, e educada. Desde que ninguém me chateie eu não chateio ninguém e podemos viver todos em alegre convivência. Mas não tenho facilidade em fazer Amigos. Posso dizer-vos que devo ter uns 10 Amigos. Pessoas com quem efectivamente me preocupo. Que são família, só não o são de sangue. Alguns deles passo meses sem os ver. Alguns até meses sem falarmos. Sei que estão bem, sabem que eu estou bem e isso chega. E quando estamos juntos é como se não nos víssemos apenas há umas horas, porque a conversa flui e todas as emoções estão lá. Não sou exigente com as amizades. Que não me falhem quando eu preciso, é só o que peço. Tento não falhar quando precisam também.
Pode ser um problema meu. Talvez seja emocionalmente desajustada.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

:)

Assim vai custar muito menos estudar o que falta:)


Pelo menos, assim se espera...

sábado, 26 de janeiro de 2013

Magra que nem um cão

Épocas de exames - A deixarem-me magra que nem um cão desde 2008


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Como é que já fiz tantos exames

E mesmo assim ainda faltam tantos?

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Farta

Estou farta desta época de exames.
Farta de exames na realidade. Este é o problema de estar num curso com 6 anos. A maioria dos meus colegas do secundário já fizeram os cursos, acabaram ou estão a acabar os mestrados, trabalham, muitos já saíram de casa dos pais, têm a sua independência...
E eu aqui. Igual ao que estava há 4 anos e tal atrás, sentada na mesa da sala com apontamentos de otorrinolaringologia à frente que vieram substituir os de anatomia, fisiologia, bioquímica, microbiologia, genética, introdução à clínica, psiquiatria, oftalmologia ou cirurgia geral que em anos passados me fizeram companhia. Na minha 9ª época de exames. A penúltima, assim se espera.
Estou farta. Farta de andar sempre com a corda no pescoço. Farta de saber que não posso falhar. Porque se por acaso falhar este é novamente ano barreira e portanto não há passagens para o 6º ano com cadeiras por fazer.
Farta de recusar convites. Farta de deixar amigos e família em segundo plano. Farta de responder "hoje não dá, estou em época de exames". Farta de faltar a jogos de futebol, jantares de aniversário, jantares só porque sim, cinemas e teatros. Farta disso tudo.
Nesta época de exames tenho garantidamente 9 exames. Depois consoante as notas que tenha posso ter de fazer oral a 4 deles. Portanto com muito azar posso ter 13 exames para fazer este semestre. Coisa pouca como podem ver. E não, não tenho cadeiras em atraso, é mesmo tudo deste semestre. Um já está. Sexta será o próximo.
Estou farta. Ainda estamos no início de Janeiro e eu já só quero que chegue o fim de Julho com a certeza de que em Setembro inicio um ano só de estágio clínico.