domingo, 30 de outubro de 2011

Dos últimos quase 2 meses

Sabe bem.
Sabe bem sair do hospital e ter alguém "não-médico" a quem contar que vi pessoas com os dedos cortados, que vi operarem hernias inguinais, que vi um hidrocelo, que vi um miúdo que caiu e partiu a cabeça, que vi um senhor que teve um acidente de carro e capotou e o carro deu 3 voltas. Que desinfectei um dedo cortado por uma serra eléctrica. Que estou farta de ver colecistites agudas. Que respondi a muitas perguntas do médico bem. Que vi um doente com Parkinson. Que vi um milhão de coisas. E no final do meu monólogo sobre as coisas super brutais e fascinantes que vi ele ainda me perguntar o que é um hidrocelo e o que é uma colecistite. Efectivamente interessado no que eu lhe possa explicar. E faz-me mais perguntas de como e porque é que essas coisas acontecem. E eu explico e fico contente. E pergunto-lhe como foi o dia dele e ele fala-se de servidores, de memórias RAM e ROM e discos externos , de softwares, de gigas e de bites e coisas das quais eu não percebo nada e também lhe pergunto e ele também me explica.
Sabe bem chegar a 6ª à noite e ir jantar fora e ao cinema ou a outro sítio qualquer. Sabe bem passar o sábado a estudar que nem uma louca para no domingo poder passar a tarde toda com ele, no sofá com uma mantinha a ver séries, ou a passear no paredão ou no shopping, ou numa feira medieval ou naquele banquinho à beira mar.
Sabe bem que ele me dê o casaco porque está frio e sabe bem que me passe sempre para o lado de dentro do  passeio quando estamos a passear.
Sabe bem sair da faculdade e ligar-lhe a dizer que vou passar pelo escritório dele para ele sair 2 minutos do trabalho para lhe dar um beijo.
Sabe bem quando ele me vem dar um beijinho de boa noite a casa porque tem saudades.
Sabe bem fazer planos, muitos planos, que podem ou não vir a concretizar-se, mas sabe bem acreditar neles (qual é o objectivo de estar com alguém quando não se acredita num futuro?).
Sabe bem.

domingo, 16 de outubro de 2011

Regra geral

Regra geral adoro o que faço, adoro o que estudo, adoro imaginar-me daqui a uns anos como médica a sério.
Depois há outros dias, como o de hoje, em que acordo com uma daquelas pessoas mesmo importantes a pedir-me que lhe explique os resultados de uma TC de um familiar não tão animadora quanto isso. Nesses momentos apetece-me trocar a minha futura profissão por qualquer outra que não tenha obrigação de responder a perguntas.