quinta-feira, 25 de abril de 2013

Tarde de gajas

Hoje foi dia de tirar um bocadinho da tarde para dedicar às minhas Drama Queens.
Soube-me pela vida. A companhia, o solzinho a bater durante 3 horas sem interrupções...
Fizemos um lanche num sítio meio alternativo aqui perto. Custou-nos os olhos da cara, mas os nossos momentos ao melhor estilo do Sexo e a Cidade compensaram e acho que conseguimos tirar o nosso melhor conjunto de fotografias de sempre. O que é estranho dado que não faço ideia do que nos passou pela cabeça para tirarmos fotografias em poses tão parvas. Vi-as agora e não consigo evitar rir em todas elas.
Sabe bem ser "parva" de vez em quando.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Respira que amanhã já é sexta

Depois de uma semana bastante atribulada em que me senti a correr e com o chão a fugir debaixo dos pés quase 24 horas por dia todos os dias, finalmente chegou a altura em que pensei: "são quase 21:00h, vou para casa e ainda é hoje que faço alguma coisa de produtiva (sim, porque com tanta coisa a acontecer nem me tinha apercebido de que estou a cerca de mês e meio dos exames)".
Despedi-me do Namorado, meti-me no carro e pus-me a caminho. Virei à esquerda, depois à direita, e liguei ao Namorado em busca de mais mimos e companhia para o resto da viagem. Falámos uns 15 segundos até que comecei a ver os carros à minha frente a inverter o sentido. Ao fundo, na estrada, estavam umas 15 pessoas, e vi um vulto no chão, com uma mota caída.
Avancei com o carro, disse ao Namorado o que estava a ver e disse que lhe ligava dali a pouco. Estacionei e aproximei-me. Perguntei a um senhor o que se tinha passado e se já tinham chamado o 112. Era uma rapariga mais ou menos da minha idade. Um carro tinha batido na mota e ela tinha caído. O senhor do carro andava de um lado para o outro com um cigarro na mão a consumir-se em nervos, a dizer repetidamente que se dava como culpado. A rapariga estava no chão, com o capacete posto (felizmente), a chorar. Aproximei-me e pensei: A (airway), B (breathing), C (circulation). Quando me apercebi de que estava a chorar fiquei satisfeita. Ao menos o coração bate e ela respira. Aproximei-me por entre as pessoas e ajoelhei-me na estrada ao lado dela. Uma rapariga amiga dela estava a segurar-lhe a cabeça direita e a falar com ela. Peguei-lhe no braço e senti o pulso radial. E já não o larguei mais. Ao fundo consegui ouvir a ambulância. De repente a rapariga fechou os olhos. A amiga chamava-a repetidamente, cada vez mais alto. À minha volta começaram pessoas a gritar que a ambulância nunca mais chegava e que ela devia ter um traumatismo craniano. A amiga continuava a chamá-la. Eu continuava a sentir o pulso. Meti a mão à frente do nariz dela. Respirava. A ambulância continuava a ouvir-se, ora mais perto, ora mais longe... Não devia encontrar a rua... E eu só pensava:" por favor não entres em paragem porque eu não sei se nesta posição te consigo reanimar e não estava com vontade de te mexer muito". Ao fim de 5 minutos chegou a ambulância. Expliquei que tinha pulso (frequência de cerca de 90bpm), respirava e que tinha perdido a consciência há cerca de 5 minutos. Perguntaram-me como tinha sido o acidente, mas não sabia responder porque não tinha assistido. Começaram a falar com as outras pessoas que lá estavam. Afastei-me da rapariga para dar espaço ao pessoal do INEM. E de repente tudo estava resolvido, eles estavam a tratar da rapariga e a estrada começou a ficar vazia.
Voltei ao meu carro e vim-me embora. Estava calma. Com a mesma calma que teria se tivesse saído do carro para ir perguntar direcções ou para ir comprar pão para o lanche. Estranhei. Pensei que talvez fosse demorar tempo a reagir, que quando chegasse a casa ia ter a minha descarga de adrenalina. Já passaram mais de duas horas. Até agora nada.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Jo e/vs MGF

Inevitavelmente mais de metade de nós irão acabar por fazer medicina geral e familiar (MGF) como especialidade. Desses, tenho a certeza de que bem mais de metade irão para MGF não por ser a sua primeira opção, mas sim porque são as vagas que sobram.
Este semestre estou a ter a cadeira de MGF e as minhas expectativas antes de começar eram grandes. Achei que iam tentar fazer os possíveis por nos entusiasmar com a cadeira. Que íamos aprender coisas efectivamente úteis pelo menos para metade de nós. Que, como nos disseram na primeira aula "muitos de nós têm uma ideia errada da MGF" e que iam tentar corrigi-lá.
Nestas semanas de aulas constatei que é verdade, sim. Tinha uma ideia errada. Os estágios que tinha feito até agora em medicina geral e familiar foram dezenas de vezes melhores do que a ideia que nos vendem de MGF por aqui. Eram estágios de médicos a ver doentes. Estágios de médicos que fazem toques rectais se acharem que é preciso, que lavam as mãos entre doentes porque sabem que os bichos não existem só nos hospitais, de médicos que acham que uma tensão arterial sistólica de 17 é de valorizar e que nem tudo se resolve com conversinhas sobre os problemas do agregado familiar.
Claro que é importante perceber o que preocupa o doente, ver a pessoa como um todo, e tudo isso. Mas isso já sabemos. E quem não teve o bom senso suficiente para perceber isso sozinho até agora, por mais aulas que tenha sobre a importância que isso tem também não vai chegar lá.
Se um dia for para MGF, esta não será provavelmente a minha primeira opção. Acho que conseguia fazer um bom trabalho, acho que até conseguia ser feliz em MGF, mas falta-me o hospital, as urgências, e para já acho que isso é uma das coisas de que preciso. Se um dia for para MGF não será certamente graças a estas aulas. E se um dia for uma boa médica de MGF também não é graças a estas aulas que vou ser melhor.