sábado, 29 de junho de 2013


Eu podia escrever um texto lamechas a dizer que vou ter imensas saudades tuas e que as férias de Verão sem ti não vão fazer sentido. Podia dizer-te que ainda ontem eras assim pequenino e que é assim que ainda te vejo.
Podia.
Mas não vou dizer, porque sabes que se to dissesse estaria a mentir.
Não vou morrer de saudades e as minhas férias vão ser boas na mesma. Vão ser diferentes, claro. Nos últimos 19 anos foram passadas contigo. Mas vou divertir-me na mesma.
Vais 3 meses para Barcelona, sozinho, fazer um estágio em que vais fazer nem eu sei bem o quê. Engenhoquices dessas que tu desde pequenino tens a mania de fazer. Sempre foste o engenhocas da família.
Foste seleccionado entre vários candidatos para este estágio. Sabes que é uma boa oportunidade para o teu currículo e acima de tudo para ti. Uma oportunidade que tu conquistaste com o teu esforço, trabalho e dedicação. O mérito disto é teu e de mais ninguém. Mereces estar aí.
Quando olho para ti já vejo um homem. Mesmo quando cortas a barba e a mãe diz que ficas com carinha de bebé.
Aproveita esse estágio. Aprende tudo o que conseguires e aproveita Barcelona mesmo à grande. Hei-de ir lá visitar-te.

PS: Reforço que fico à espera do melhor presente de aniversário de sempre. Não é só presenteares o Estado Português com impostos.

sábado, 22 de junho de 2013

De ontem

Ontem foi um dia bom.
A temível oral de medicina ficou feita, com a nota que eu queria.
Mas aquilo que mais preencheu o meu dia de ontem foram palavras. Palavras de quem eu esperava e de quem eu não esperava. Palavras de pessoas a quem talvez nem sempre eu dê a atenção devida, mas que ontem, nada tendo a ver umas com as outras, fizeram questão de me dizer o quão importante eu sou para elas.
E até mais do que a oral de medicina, foi isso que encheu ontem o meu coração.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Na recta final

Esta é a minha última semana de aulas. Não deste ano. Provavelmente é mesmo a última semana de aulas da minha vida toda. Ainda tenho mais um ano de curso, mas será um ano só de estágio onde conto que o meu tempo passado no "hospital-casa" seja o mínimo indispensável.
É a última semana em que vou estar com todos os meus colegas juntos em aulas. Não que nós vamos às aulas. Na maioria das vezes não vamos. Mas sabemos sempre que é provável que nos cruzemos num corredor qualquer do hospital, ou numa biblioteca, ou na estátua em frente ao hospital a apanhar sol.
Estou a uma semana e meia daquela que será a minha última época de exames. A última época de exames da minha vida. A última vez que vou ter de fazer exames inúteis como exame de ética ou de medicina legal. A partir daqui fica só a sobrar o exame de acesso à especialidade e os exames da especialidade. Todos eles bem mais úteis.
Vou perder o contacto com muita gente. Sei que sim. Claro que existe o Facebook, telemóvel, email, e nada inviabiliza que contactemos nos aniversários, ou talvez no Natal. Mas esta semana quando me cruzo com estas pessoas na faculdade penso: "Estas conversas vão acabar em tão pouco tempo...". Não será assim com toda a gente, claro. Quem é amigo fica. Estou a falar das pessoas com quem tenho conversas circunstânciais que até sabem bem, que até são agradáveis, mas que não marcaram o meu curso.
Sinto um certo vazio quando oiço coisas como "Epá, estou farta do senhor da loja de fotocópias, nunca mais lá volto a imprimir nada" e eu me apercebo de que não vai haver mais nada para imprimir. Faz-me confusão quando penso que tenho rifas para vender para a Noite da Medicina porque a próxima vai ser organizada por nós. O que quer dizer que será a nossa última Noite da Medicina. A sexta NM da minha vida.
Sexta-feira vou ter um almoço de despedida da faculdade. Um almoço de amigos, só para o convívio e para a palhaçada. Tenho a certeza de que vai ser divertido, de que vai deixar memórias. Mas também sei que quando entrar no restaurante vou sentir aquele aperto no peito de quem sente que aquela é a última vez.

domingo, 2 de junho de 2013

Mas o que raio vem a ser isto???

Consta por aí que o Verão vai ser frio, o mais frio desde há não sei quantos anos. Ora, depois dos exames eu até gostaria de aproveitar o Verão. Neste preciso momento não me dá jeito nenhum. Irrita-me olhar lá para fora e ver o céu limpo, abrir a janela e ter um bafo de calor que quase me sufoca a entrar-me pelo quarto, entrar no meu carro que está com o ar condicionado avariado, abrir a janela para ver se fica mais fresco e não correr uma brisa. Portanto, S. Pedro, vamos lá a ver se nos entendemos... Dias destes podes guardá-los até eu acabar os exames. Depois, tens carta branca para os distribuíres por aí. Até lá podes trazer frio e chuva que eu não me importo nadinha.

E vocês como são todos uns fofinhos não se importam de ser solidários para comigo e guardarem os dias de praia para depois.