Não é boa ideia ter aulas práticas às 8 da manhã quando houve festa no dia anterior. Claramente dormir 3 horas não chega para conseguir andar a direito quanto mais ouvir alguma coisa do que está a ser dita na aula.
Assim que vou levar uns palitos para manter os olhos abertos. E se precisarem de mim, a partir das 10 estarei a dormir no sofá da sala de alunos.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Massagens II
Cheguei agora a casa.
Estou prontinha para dormir nos próximos 2 anos.
Hoje foi massagem completa das costas, ventosas e acumpunctura. Sim, deixei que me espetassem coisas nas costas!
Não doeu nadinha, só uma ligeira impressão quando picam mas depois passa. Já nem me lembrava que tinha a agulha lá espetada.
Já só faltam duas semanas de curso (ooooooooohhhhhhhhhhhhh)
Estou prontinha para dormir nos próximos 2 anos.
Hoje foi massagem completa das costas, ventosas e acumpunctura. Sim, deixei que me espetassem coisas nas costas!
Não doeu nadinha, só uma ligeira impressão quando picam mas depois passa. Já nem me lembrava que tinha a agulha lá espetada.
Já só faltam duas semanas de curso (ooooooooohhhhhhhhhhhhh)
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
O problema das frases em aberto
Eu escrevi
After a while, you really have to stop
Ele escreveu
Stop for a while and then... step on it:)
Só não sei se estavamos a falar das mesmas coisas.
After a while, you really have to stop
Ele escreveu
Stop for a while and then... step on it:)
Só não sei se estavamos a falar das mesmas coisas.
To do list
Eu hoje queria:
Preparar a minha primeira aula como monitora;
Estudar farmacoterapia da hipertensão arterial;
Almoçar com o meu pai, que faz anos;
Estudar fisiopatologia da insuficiência cardíaca;
Rever o texto da peça;
Jantar com a família toda;
Ir para a cama cedo.
Hoje:
Já preparei a aula;
Já vi dois episódios de Ghost Whisperer;
Já estudei duas páginas de farmacoterapia;
Já almocei com o meu pai.
Alguma coisa me diz que uma das coisas que não vou fazer é o deitar cedo.
Este início de ano custa sempre horrores, estudar sem pressão em cima não dá!
Preparar a minha primeira aula como monitora;
Estudar farmacoterapia da hipertensão arterial;
Almoçar com o meu pai, que faz anos;
Estudar fisiopatologia da insuficiência cardíaca;
Rever o texto da peça;
Jantar com a família toda;
Ir para a cama cedo.
Hoje:
Já preparei a aula;
Já vi dois episódios de Ghost Whisperer;
Já estudei duas páginas de farmacoterapia;
Já almocei com o meu pai.
Alguma coisa me diz que uma das coisas que não vou fazer é o deitar cedo.
Este início de ano custa sempre horrores, estudar sem pressão em cima não dá!
domingo, 24 de outubro de 2010
Dating?
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Um dia
Um dia gostava que o dia de hoje deixasse de ser aquele dia.
Gostava de poder passar por ele assim como se nada tivesse sido, só por hoje, e uns dias depois perceber que este dia já tinha passado.
Gostava que o dia de ontem não tivesse sido o dia dos anos do meu irmão porque inconscientemente há cá dentro aquela vozinha que relembra que foi no dia a seguir ao dia dos anos do meu irmão que houve, há dois anos, um dia diferente e que virou a minha vida de pernas para o ar.
Sei que um dia os dias iguais ao de hoje vão ser só um dia, mas enquanto são e não são... sei lá...
Gostava de poder passar por ele assim como se nada tivesse sido, só por hoje, e uns dias depois perceber que este dia já tinha passado.
Gostava que o dia de ontem não tivesse sido o dia dos anos do meu irmão porque inconscientemente há cá dentro aquela vozinha que relembra que foi no dia a seguir ao dia dos anos do meu irmão que houve, há dois anos, um dia diferente e que virou a minha vida de pernas para o ar.
Sei que um dia os dias iguais ao de hoje vão ser só um dia, mas enquanto são e não são... sei lá...
Sobre o IVA
Para quem está preocupado com o aumento do IVA nos ginásios pode ficar muito mais tranquilo depois deste meu post.
A verdade é que com o aumento do IVA da maior parte dos produtos alimentares a maioria de nós vai entrar em dieta forçada por isso não precisamos de ginásio para nada.
Boas notícias não?
A verdade é que com o aumento do IVA da maior parte dos produtos alimentares a maioria de nós vai entrar em dieta forçada por isso não precisamos de ginásio para nada.
Boas notícias não?
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Massagens
Fazer o curso de massagem chinesa foi das melhores ideias que tive este ano. Nesta primeira sessão aprendemos um bocadinho de auto-massagem e massagem nas costas e pescoço de uma pessoa sentada. Na próxima semana vai ser massagem das costas todas com a pessoa deitada. E vamos fazendo uns nos outros, por isso acabo por ainda ter umas horas de massagem.
Tenho a dizer que os meus ombros hoje estavam levezinhos como nunca quando me levantei.
Já estou a contar os segundos até à próxima terça!
Ah, a ainda vamos aprender um bocadinho de acumpunctura e trabalho com ventosas! E para isto, há cobaias?:p
Tenho a dizer que os meus ombros hoje estavam levezinhos como nunca quando me levantei.
Já estou a contar os segundos até à próxima terça!
Ah, a ainda vamos aprender um bocadinho de acumpunctura e trabalho com ventosas! E para isto, há cobaias?:p
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Dormir em pé
Rugas
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
"Férias"
Agora que já entreguei os dois trabalhos das optativas (um deles consegui arrastar até 3 minutos antes de acabar o prazo. Fantástico não?) já me sinto quase de férias outra vez.
Ora, sendo assim, hoje, depois de uma hora de matraquilhos na faculdade (é este ano que fico pró naquilo), uma horinha de estudo em casa (só para não acharem que não faço nada) e duas horas de ginásio, fui jantar fora. Não fui à noite de fados da faculdade, com alguma pena minha, mas foi bem melhor. Fui jantar com a Morce, a Saroka, a Sofia e o Jonas.
Podem ficar cheios de inveja, porque fui muito giro.
O Jonas passou o jantar a espalhar bactérias pelo ar e a mostrar como agora é um homem desinibido, a Saroka com os dramas do costume ou não fosse ela uma drama queen, a Morce a dizer que tinha de anotar as melhores frases da noite mas sem anotar nenhuma e a Sofia a fazer comentários pragmáticos sobre as histórias da Saroka.
Quanto a mim, passei o jantar a rir.
Adoro esta falsa sensação de férias. Adoro os meus amigos. Adoro tirar fotos parvas com eles. Adoro andar bem disposta porque este ano (ainda) não estou a sufocar com a matéria. Adoro ter imensas coisas para fazer fora da faculdade.
Adorei este bocadinho de noite de hoje. Adoro este ano. Só porque sim. E isso é bom.
Ora, sendo assim, hoje, depois de uma hora de matraquilhos na faculdade (é este ano que fico pró naquilo), uma horinha de estudo em casa (só para não acharem que não faço nada) e duas horas de ginásio, fui jantar fora. Não fui à noite de fados da faculdade, com alguma pena minha, mas foi bem melhor. Fui jantar com a Morce, a Saroka, a Sofia e o Jonas.
Podem ficar cheios de inveja, porque fui muito giro.
O Jonas passou o jantar a espalhar bactérias pelo ar e a mostrar como agora é um homem desinibido, a Saroka com os dramas do costume ou não fosse ela uma drama queen, a Morce a dizer que tinha de anotar as melhores frases da noite mas sem anotar nenhuma e a Sofia a fazer comentários pragmáticos sobre as histórias da Saroka.
Quanto a mim, passei o jantar a rir.
Adoro esta falsa sensação de férias. Adoro os meus amigos. Adoro tirar fotos parvas com eles. Adoro andar bem disposta porque este ano (ainda) não estou a sufocar com a matéria. Adoro ter imensas coisas para fazer fora da faculdade.
Adorei este bocadinho de noite de hoje. Adoro este ano. Só porque sim. E isso é bom.
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Massagens
Amanhã começo um workshop de massagens.
Neste momento o dilema é apenas decidir quem vão ser os cobaias para as minhas fantásticas (cof cof) massagens. É que a oferta tem sido mais que muita e uma pessoa fica baralhada.
Afinal, não podem haver massagens para todos!
Neste momento o dilema é apenas decidir quem vão ser os cobaias para as minhas fantásticas (cof cof) massagens. É que a oferta tem sido mais que muita e uma pessoa fica baralhada.
Afinal, não podem haver massagens para todos!
sábado, 9 de outubro de 2010
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
3 anos disto
Jo: O que é que é mesmo para fazer para MEF?
I.L.: Pois... nao sei bem.
Jo: Lol
I.L.: Eu acho que é para dizeres que exames farias a uma pessoa como tu que te fosse pedir prescrição de exercicio.
Jo: Acho que ainda vou acabar por fazer um "artigo de revisão":p temos de respeitar as normas? referências e isso? ou é só falar sobre o tema?
I.L.: Epá... o homem pareceu-me que queria mm artigo de revisão com regras e isso
Jo: Que treta... o que é que o pessoal está a fazer? o P.A. e o N.C., etc...?
I.L.: Não sei...
Jo: vou perguntar ao N.C.. A tua tutora não se lembra do que fez?
I.L.:eles podiam fazer só trabalho
Jo: Só trabalho?
I.L.: Tipo trabalho da treta, percebes?
Jo: Pois, era o q eu queria... vou perguntar ao N.C.
Jo: N.C.!!! Já fizeste o trabalho de MEF?
N.C.: Olá! não, não fiz. O que pensas fazer? xD Já fizeste?
Jo: Ainda não:s não sei, nem percebi muito bem o que era para fazer...
N.C.: Pois... nem eu...
Jo: O N.C. também não sabe o que é para fazer...
I.L.: Lol
Jo: Onde temos de entregar o trabalho de nuclear?
I.L.: Lá... no serviço... que não faço ideia de onde é...
Jo: P.A., já fizeste o trabalho de MEF? O que é que é para fazer????
P.A.: Ainda não, faço amanhã:) É para fazeres uma prescrição de exercício físico ou um artigo de revisão:)
Jo: Mas é preciso seguir as regras todas do artigo de revisão? Referências, etc...?
P.A.: Pois, já vimos que eles chamam “artigo de revisão” a tudo…
Como vêem, nada como regressar às aulas.
Podem não acreditar, mas era disto que tinha saudades:)
I.L.: Pois... nao sei bem.
Jo: Lol
I.L.: Eu acho que é para dizeres que exames farias a uma pessoa como tu que te fosse pedir prescrição de exercicio.
Jo: Acho que ainda vou acabar por fazer um "artigo de revisão":p temos de respeitar as normas? referências e isso? ou é só falar sobre o tema?
I.L.: Epá... o homem pareceu-me que queria mm artigo de revisão com regras e isso
Jo: Que treta... o que é que o pessoal está a fazer? o P.A. e o N.C., etc...?
I.L.: Não sei...
Jo: vou perguntar ao N.C.. A tua tutora não se lembra do que fez?
I.L.:eles podiam fazer só trabalho
Jo: Só trabalho?
I.L.: Tipo trabalho da treta, percebes?
Jo: Pois, era o q eu queria... vou perguntar ao N.C.
Jo: N.C.!!! Já fizeste o trabalho de MEF?
N.C.: Olá! não, não fiz. O que pensas fazer? xD Já fizeste?
Jo: Ainda não:s não sei, nem percebi muito bem o que era para fazer...
N.C.: Pois... nem eu...
Jo: O N.C. também não sabe o que é para fazer...
I.L.: Lol
Jo: Onde temos de entregar o trabalho de nuclear?
I.L.: Lá... no serviço... que não faço ideia de onde é...
Jo: P.A., já fizeste o trabalho de MEF? O que é que é para fazer????
P.A.: Ainda não, faço amanhã:) É para fazeres uma prescrição de exercício físico ou um artigo de revisão:)
Jo: Mas é preciso seguir as regras todas do artigo de revisão? Referências, etc...?
P.A.: Pois, já vimos que eles chamam “artigo de revisão” a tudo…
Como vêem, nada como regressar às aulas.
Podem não acreditar, mas era disto que tinha saudades:)
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Desemprego
Ele não sabe, mas eu já sabia que ele estava desempregado há 14 meses.
E ele não sabe, mas durante estes 14 meses eu fiz mais de umas 50 tentativas de o ajudar. Fiz-lhe chegar anúncios, passei horas a pesquisar empregos, a tentar saber se alguém sabia de alguém que pudesse, que quisesse, que precisasse dele. Mas sem sucesso. Algumas das entrevistas a que ele foi até fui eu que lhas arranjei.
E hoje ele disse-me qualquer coisa como "Joaninha, preciso da tua ajuda. Não sei se já sabes, mas estou desempregado há 14 meses. Achas que dá para reenviares o meu curriculo aos teus pais e pessoas que conheças que trabalhem na minha área?"
E eu sei que lhe deve ter custado um mundo ter-me pedido ajuda, porque sei que ele é Homem e orgulhoso e que para ter vindo pedir-me ajuda é porque está mesmo desesperado.
E eu disse que ajudava, claro. Que reencaminhava, que pedia, que tudo o que eu pudesse, mas não sei se vai adiantar de muito porque já tenho estado a fazer o que posso nos últimos 14 meses.
E ele é casado e tem uma filha. E o subsídio de desemprego este mês já não lhe vai cair na conta. E eu estou preocupada.
E este era o meu 6º desejo da passagem de ano 2009-2010 e até agora nada.
E eu sei que há muita gente nas mesmas circunstâncias e até piores, mas o caso dele a mim custa-me mais porque mesmo que ele não saiba ele tem um lugar especial na minha vida.
E isto é uma treta e eu sei que o mundo está todo em crise e que está mal em todo o lado. E não me interesso nem percebo grande coisa de política mas percebo que o Sócrates já deu o que tinha a dar (se é que alguma vez deu alguma coisa em vez de tirar) e que estas novas medidas não vêm facilitar em nada a vida daqueles que como o J. estão a precisar de mais ajuda.
E não sei quem é que pode ir para a frente e resolver isto. Não sei como se poderia resolver nem sequer se isso é possível. Mas tem de se resolver. RAPIDAMENTE!
E ele não sabe, mas durante estes 14 meses eu fiz mais de umas 50 tentativas de o ajudar. Fiz-lhe chegar anúncios, passei horas a pesquisar empregos, a tentar saber se alguém sabia de alguém que pudesse, que quisesse, que precisasse dele. Mas sem sucesso. Algumas das entrevistas a que ele foi até fui eu que lhas arranjei.
E hoje ele disse-me qualquer coisa como "Joaninha, preciso da tua ajuda. Não sei se já sabes, mas estou desempregado há 14 meses. Achas que dá para reenviares o meu curriculo aos teus pais e pessoas que conheças que trabalhem na minha área?"
E eu sei que lhe deve ter custado um mundo ter-me pedido ajuda, porque sei que ele é Homem e orgulhoso e que para ter vindo pedir-me ajuda é porque está mesmo desesperado.
E eu disse que ajudava, claro. Que reencaminhava, que pedia, que tudo o que eu pudesse, mas não sei se vai adiantar de muito porque já tenho estado a fazer o que posso nos últimos 14 meses.
E ele é casado e tem uma filha. E o subsídio de desemprego este mês já não lhe vai cair na conta. E eu estou preocupada.
E este era o meu 6º desejo da passagem de ano 2009-2010 e até agora nada.
E eu sei que há muita gente nas mesmas circunstâncias e até piores, mas o caso dele a mim custa-me mais porque mesmo que ele não saiba ele tem um lugar especial na minha vida.
E isto é uma treta e eu sei que o mundo está todo em crise e que está mal em todo o lado. E não me interesso nem percebo grande coisa de política mas percebo que o Sócrates já deu o que tinha a dar (se é que alguma vez deu alguma coisa em vez de tirar) e que estas novas medidas não vêm facilitar em nada a vida daqueles que como o J. estão a precisar de mais ajuda.
E não sei quem é que pode ir para a frente e resolver isto. Não sei como se poderia resolver nem sequer se isso é possível. Mas tem de se resolver. RAPIDAMENTE!
domingo, 3 de outubro de 2010
Eu bem tento
Já aumentei o tamanho das margens, já aumentei o tamanho da letra, já mudei o tipo de letra, já aumentei o espaçamento... mas não consigo escrever mais do que uma página e meia sobre medicina nuclear...
Ai que saudades que eu (não) tinha dos trabalhos a metro...
Ai que saudades que eu (não) tinha dos trabalhos a metro...
sábado, 2 de outubro de 2010
Drogas e toxicodependência
Esta semana, graças à minha escolha de “drogas e toxicodependência” como optativa para o início do ano tive a oportunidade de assistir a alguns dos momentos mais marcantes da minha “prática clínica” (será que já posso dizer isto?) até ao momento.
Confesso que quando soube quem era o professor responsável pela cadeira vi a minha vida a andar para trás. Afinal, era o senhor responsável pela pior cadeira que tive até ao momento. Teórica até dizer chega e com uma capacidade impressionante de me fazer adormecer ou sair ao fim dos primeiros 10 minutos de aula.
A aula estava marcada para a sala de psicologia e eu já estava preparada para estar cinco horas de seguida em luta constante por manter os olhos abertos. Mas quando chegámos à sala o Professor decidiu que íamos, em vez de ter uma aula teórica, ter uma aula prática. Deixou-nos assistir a terapia de grupo de toxicodependentes HIV positivos.
A princípio ficámos um pouco de pé atrás quanto à iniciativa. Estávamos todos contentes por um lado porque afinal íamos ter qualquer coisa prática, mas por outro ficámos receosos pelo que nos esperava.
Entrámos numa sala com cadeiras dispostas em círculo e sentámo-nos. Lá dentro já lá estavam algumas pessoas. Outras foram chegando durante a sessão. Prometemos não interromper e perguntámos aos presentes se se importavam com a nossa presença. Alguns não se importavam de todo, outros lá torciam o nariz, mas acabavam por dizer “eles têm de aprender não é Professor?” e pronto, lá ficámos.
A sessão começou com uma senhora cigana que era nova no grupo.
Professor: Então “senhora cigana”, é a sua primeira vez neste grupo. Dantes estava no grupo dos toxicodependentes HIV negativos mas as suas análises agora vieram positivas. Como é que se sente em relação a isso?
Senhora cigana: Ah, já estava à espera.
(Pausa. O Professor esperou que ela acrescentassem mais alguma coisa. Não acrescentou. Ninguém disse mais nada.)
Professor: Mas estava à espera porquê?
Senhora cigana: Porque o meu marido também tem.
Professor: Então mas não usava preservativo quando tinha relações com o seu marido?
Senhora cigana: Não, não doutor. Também ele já tem aquilo há tantos anos e eu nunca apanhei. Algum dia havia de ser.
Professor: Então mas porque é que não usava preservativos.
Senhora cigana: Porque acabaram. O nosso médico morreu e nós deixámos de ter preservativos. Já há uns tempos.
Professor: E a sua filha?
Senhora cigana: Está boa.
Professor: E ela não apanhou o vírus?
Senhora cigana: Não, não, ela não tem nada.
Professor: Então e agora o que está a pensar em fazer?
A Senhora cigana encolheu os ombros.
Professor: Sabe o que é que o vírus faz não sabe?
Senhora cigana: Sei, sei. Se não comer bem fico com as defesas fracas. Mas eu tenho comido.
Professor: O resto do grupo concorda com a “senhora cigana”? É isto que o vírus faz?
(Novo silêncio. Alguns olham para o chão, outros abanam a cabeça, outros simplesmente é como se não estivessem lá).
Professor: E a medicação? Já começou a fazer?
Senhora cigana: Ainda não. O meu marido também não tem feito e só agora é que está a começar a ter um ou outro problema, por isso…
Menina das calças rasgadas: Até ao dia… Nós vamos morrer todos.
Professor: É isso que achas “menina das calças rasgadas”?
A menina das calças rasgadas encolheu os ombros e assentiu.
Professor: “Senhora da t-shirt cinzenta”, há quantos anos é HIV+?
Senhora da t-shirt cinzenta: Tenho o diagnóstico já há mais de 25 anos.
Professor: E como é que se sente?
Senhora da t-shirt cinzenta: Bem. Faço a medicação e estou bem. Só o fígado é que me vai dando uns problemas. No outro dia fui fazer uma ecografia…
Menina das calças rasgadas: Estás grávida?
Senhora da t-shirt cinzenta, sorrindo: Não… já não tenho idade para isso… eu até gostava mas não tenho idade. Agora já não. A ecografia era para ver o fígado.
Menina das calças rasgadas: Ah… era giro se estivesses grávida…
(Novo silêncio. O Professor muda de interlocutor)
Professor: Então “rapaz giro” e como vão as coisas consigo?
Rapaz giro: Vão andando. Não tenho consumido. Já há uns dois meses. Isto agora está melhor. Arranjei um emprego. O chefe deixa-me vir às reuniões aqui. Expliquei-lhe tudo, é um tipo já assim pó velho, mas porreiro. Ele disse para eu dizer aos colegas que tenho um problema nas costas e que por isso é que tenho de sair.
Professor: E os seus filhos?
Rapaz giro: Lá andam. O mais novo nem me reconhece como pai. Às vezes nem um beijinho me quer dar. Também é pequenito, só tem 3 anos, e ele não me vê muitas vezes. Eu e a minha ex-mulher separámo-nos quando ele ainda era recém-nascido. Ela não aguentava mais coitada. Também não sei como aguentou tanto. O mais velho está bom. É muita esperto o puto, parece que já nasceu ensinado. É é um puto muito irrequieto. Na escola acho que anda sempre à porrada. Também é da idade, os 6 anos… A mais velha é que agora está muito mais próxima de mim. Tem 17, óptima aluna, no próximo ano vai para a universidade e até quer fazer um ERASMUS ou lá como raio essa coisa se chama. É uma boa miúda. E não me pede nada. Às vezes a mãe pedia-me dinheiro para ela e a miúda dava-mo outra vez pelas costas. Agora anda é com a mania dos piercings, já viu doutor? 3 Piercings? E no outro dia chegou a casa e disse: Pai, vou fazer uma tatuagem. É que nem perguntou. Disse só que ia fazer. E eu não posso dizer-lhe nada. Não tenho moral. E ainda por cima ela é boa aluna.
Professor: Está com em manter a posição firme de um pai não é? Como consumia, consume, heroína, acha que não tem moral para lhe dizer nada, não é?
Rapaz giro: É isso mesmo doutor. E a miúda nem bebe, nem fuma…
Senhora da T-Shirt cinzenta: Também é só um piercing.
Rapaz giro: 3 piercings!
Senhora da T-Shirt cinzenta: Sim, pois, mas isso não é nada.
Professor: E tem-se aproximado mais dos seus filhos pequenos?
Rapaz giro: Sim, tenho. Até porque a mãe deles agora quer voltar para mim. Eu ‘tou com um bocado de medo. É que já sabe como eu sou. Um eterno insatisfeito. Eu ‘tou com ela e umas horas depois já quero é ‘tar com outras. É o mesmo que com a droga. Quero é prazer imediato. Se não há mulheres há drogas. E eu não a quero magoar outra vez, que ela já sofreu tanto comigo… foi a droga, foram as outras mulheres… Eu quero levar as coisas com calma, agora até tenho um emprego novo... Saímos uma ou outra vez com os miúdos ao fim-de-semana, mas nada de muito sério.
Professor: Acha que se voltar para ela vai voltar a consumir?
Rapaz giro: Se a coisa dá para o torto de certeza doutor. É que eu quero sempre mais. Enquanto estive com ela tive mais umas 50 mulheres. E ela mesmo assim quer voltar.
Professor: E o “rapaz giro” gostava de voltar? Quer voltar?
Rapaz giro: Não sei doutor. E há outra coisa. É que ela depois de nos termos separado já teve um namorado. Dois meses doutor. E eu já sei que vou estar na cama com ela e a pensar que ela esteve com outro e aquilo não vai correr nada bem.
Senhora da T-Shirt cinzenta: Isso é machismo! Então tu tiveste não sei quantas mulheres ainda quando estavas com ela e ela não pode ter tido um namorado dois mesitos?
Rapaz giro: Eu sei que é machismo e que está mal. Mas não consigo. Percebe não percebe doutor?
E eu podia ficar aqui horas a contar-vos tudo com mais pormenor. Podia falar-vos do senhor-com-cara-de-criança-e-ideias-absurdas, do senhor-de-fato-e-gravata, do casal que faz a recuperação juntos. Podia, mas não vou falar porque já me alonguei bastante.
Depois disto assisti ainda às consultas individuais, tive a oportunidade de falar a sós com alguns dos doentes e adorei. Podia falar-vos do casal homossexual, do senhor-que-sempre-fez-o-que-queria-e-bem-lhe-apetecia-mas-agora-tem-uma-filha-que-também-quer-fazer-algumas-coisas-e-está-aterrorizado, do senhor-que-toma-1mg-de-medicação-por-dia-mesmo-sabendo-que-isso-já-não-tem-efeito-mas-que-tem-medo-de-voltar-à-heroína-se-parar. Podia. Mas já não vou falar porque já estou farta de escrever e não sei bem quem é que chegará sequer a esta parte do texto.
Bem dita a hora em que escolhi esta optativa.
E além de tudo isto portámo-nos tão bem durante as “aulas” que nem temos de fazer trabalhos em casa. Melhor optativa de sempre.
Confesso que quando soube quem era o professor responsável pela cadeira vi a minha vida a andar para trás. Afinal, era o senhor responsável pela pior cadeira que tive até ao momento. Teórica até dizer chega e com uma capacidade impressionante de me fazer adormecer ou sair ao fim dos primeiros 10 minutos de aula.
A aula estava marcada para a sala de psicologia e eu já estava preparada para estar cinco horas de seguida em luta constante por manter os olhos abertos. Mas quando chegámos à sala o Professor decidiu que íamos, em vez de ter uma aula teórica, ter uma aula prática. Deixou-nos assistir a terapia de grupo de toxicodependentes HIV positivos.
A princípio ficámos um pouco de pé atrás quanto à iniciativa. Estávamos todos contentes por um lado porque afinal íamos ter qualquer coisa prática, mas por outro ficámos receosos pelo que nos esperava.
Entrámos numa sala com cadeiras dispostas em círculo e sentámo-nos. Lá dentro já lá estavam algumas pessoas. Outras foram chegando durante a sessão. Prometemos não interromper e perguntámos aos presentes se se importavam com a nossa presença. Alguns não se importavam de todo, outros lá torciam o nariz, mas acabavam por dizer “eles têm de aprender não é Professor?” e pronto, lá ficámos.
A sessão começou com uma senhora cigana que era nova no grupo.
Professor: Então “senhora cigana”, é a sua primeira vez neste grupo. Dantes estava no grupo dos toxicodependentes HIV negativos mas as suas análises agora vieram positivas. Como é que se sente em relação a isso?
Senhora cigana: Ah, já estava à espera.
(Pausa. O Professor esperou que ela acrescentassem mais alguma coisa. Não acrescentou. Ninguém disse mais nada.)
Professor: Mas estava à espera porquê?
Senhora cigana: Porque o meu marido também tem.
Professor: Então mas não usava preservativo quando tinha relações com o seu marido?
Senhora cigana: Não, não doutor. Também ele já tem aquilo há tantos anos e eu nunca apanhei. Algum dia havia de ser.
Professor: Então mas porque é que não usava preservativos.
Senhora cigana: Porque acabaram. O nosso médico morreu e nós deixámos de ter preservativos. Já há uns tempos.
Professor: E a sua filha?
Senhora cigana: Está boa.
Professor: E ela não apanhou o vírus?
Senhora cigana: Não, não, ela não tem nada.
Professor: Então e agora o que está a pensar em fazer?
A Senhora cigana encolheu os ombros.
Professor: Sabe o que é que o vírus faz não sabe?
Senhora cigana: Sei, sei. Se não comer bem fico com as defesas fracas. Mas eu tenho comido.
Professor: O resto do grupo concorda com a “senhora cigana”? É isto que o vírus faz?
(Novo silêncio. Alguns olham para o chão, outros abanam a cabeça, outros simplesmente é como se não estivessem lá).
Professor: E a medicação? Já começou a fazer?
Senhora cigana: Ainda não. O meu marido também não tem feito e só agora é que está a começar a ter um ou outro problema, por isso…
Menina das calças rasgadas: Até ao dia… Nós vamos morrer todos.
Professor: É isso que achas “menina das calças rasgadas”?
A menina das calças rasgadas encolheu os ombros e assentiu.
Professor: “Senhora da t-shirt cinzenta”, há quantos anos é HIV+?
Senhora da t-shirt cinzenta: Tenho o diagnóstico já há mais de 25 anos.
Professor: E como é que se sente?
Senhora da t-shirt cinzenta: Bem. Faço a medicação e estou bem. Só o fígado é que me vai dando uns problemas. No outro dia fui fazer uma ecografia…
Menina das calças rasgadas: Estás grávida?
Senhora da t-shirt cinzenta, sorrindo: Não… já não tenho idade para isso… eu até gostava mas não tenho idade. Agora já não. A ecografia era para ver o fígado.
Menina das calças rasgadas: Ah… era giro se estivesses grávida…
(Novo silêncio. O Professor muda de interlocutor)
Professor: Então “rapaz giro” e como vão as coisas consigo?
Rapaz giro: Vão andando. Não tenho consumido. Já há uns dois meses. Isto agora está melhor. Arranjei um emprego. O chefe deixa-me vir às reuniões aqui. Expliquei-lhe tudo, é um tipo já assim pó velho, mas porreiro. Ele disse para eu dizer aos colegas que tenho um problema nas costas e que por isso é que tenho de sair.
Professor: E os seus filhos?
Rapaz giro: Lá andam. O mais novo nem me reconhece como pai. Às vezes nem um beijinho me quer dar. Também é pequenito, só tem 3 anos, e ele não me vê muitas vezes. Eu e a minha ex-mulher separámo-nos quando ele ainda era recém-nascido. Ela não aguentava mais coitada. Também não sei como aguentou tanto. O mais velho está bom. É muita esperto o puto, parece que já nasceu ensinado. É é um puto muito irrequieto. Na escola acho que anda sempre à porrada. Também é da idade, os 6 anos… A mais velha é que agora está muito mais próxima de mim. Tem 17, óptima aluna, no próximo ano vai para a universidade e até quer fazer um ERASMUS ou lá como raio essa coisa se chama. É uma boa miúda. E não me pede nada. Às vezes a mãe pedia-me dinheiro para ela e a miúda dava-mo outra vez pelas costas. Agora anda é com a mania dos piercings, já viu doutor? 3 Piercings? E no outro dia chegou a casa e disse: Pai, vou fazer uma tatuagem. É que nem perguntou. Disse só que ia fazer. E eu não posso dizer-lhe nada. Não tenho moral. E ainda por cima ela é boa aluna.
Professor: Está com em manter a posição firme de um pai não é? Como consumia, consume, heroína, acha que não tem moral para lhe dizer nada, não é?
Rapaz giro: É isso mesmo doutor. E a miúda nem bebe, nem fuma…
Senhora da T-Shirt cinzenta: Também é só um piercing.
Rapaz giro: 3 piercings!
Senhora da T-Shirt cinzenta: Sim, pois, mas isso não é nada.
Professor: E tem-se aproximado mais dos seus filhos pequenos?
Rapaz giro: Sim, tenho. Até porque a mãe deles agora quer voltar para mim. Eu ‘tou com um bocado de medo. É que já sabe como eu sou. Um eterno insatisfeito. Eu ‘tou com ela e umas horas depois já quero é ‘tar com outras. É o mesmo que com a droga. Quero é prazer imediato. Se não há mulheres há drogas. E eu não a quero magoar outra vez, que ela já sofreu tanto comigo… foi a droga, foram as outras mulheres… Eu quero levar as coisas com calma, agora até tenho um emprego novo... Saímos uma ou outra vez com os miúdos ao fim-de-semana, mas nada de muito sério.
Professor: Acha que se voltar para ela vai voltar a consumir?
Rapaz giro: Se a coisa dá para o torto de certeza doutor. É que eu quero sempre mais. Enquanto estive com ela tive mais umas 50 mulheres. E ela mesmo assim quer voltar.
Professor: E o “rapaz giro” gostava de voltar? Quer voltar?
Rapaz giro: Não sei doutor. E há outra coisa. É que ela depois de nos termos separado já teve um namorado. Dois meses doutor. E eu já sei que vou estar na cama com ela e a pensar que ela esteve com outro e aquilo não vai correr nada bem.
Senhora da T-Shirt cinzenta: Isso é machismo! Então tu tiveste não sei quantas mulheres ainda quando estavas com ela e ela não pode ter tido um namorado dois mesitos?
Rapaz giro: Eu sei que é machismo e que está mal. Mas não consigo. Percebe não percebe doutor?
E eu podia ficar aqui horas a contar-vos tudo com mais pormenor. Podia falar-vos do senhor-com-cara-de-criança-e-ideias-absurdas, do senhor-de-fato-e-gravata, do casal que faz a recuperação juntos. Podia, mas não vou falar porque já me alonguei bastante.
Depois disto assisti ainda às consultas individuais, tive a oportunidade de falar a sós com alguns dos doentes e adorei. Podia falar-vos do casal homossexual, do senhor-que-sempre-fez-o-que-queria-e-bem-lhe-apetecia-mas-agora-tem-uma-filha-que-também-quer-fazer-algumas-coisas-e-está-aterrorizado, do senhor-que-toma-1mg-de-medicação-por-dia-mesmo-sabendo-que-isso-já-não-tem-efeito-mas-que-tem-medo-de-voltar-à-heroína-se-parar. Podia. Mas já não vou falar porque já estou farta de escrever e não sei bem quem é que chegará sequer a esta parte do texto.
Bem dita a hora em que escolhi esta optativa.
E além de tudo isto portámo-nos tão bem durante as “aulas” que nem temos de fazer trabalhos em casa. Melhor optativa de sempre.
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