sábado, 26 de maio de 2012

Aos meus seguidores NÃO médicos/NÃO estudantes de medicina:

O curso de medicina é um curso de 6 anos. No final desses 6 anos temos aquilo a que se chama "ano comum" que é um ano só de estágio remunerado em que temos contacto e trabalhamos em várias especialidades de forma a adquirimos mais prática e competências clínicas. No final do Ano Comum cada um escolhe uma especialidade. São-nos comunicadas quantas vagas vão abrir em cada especialidade e em que hospitais e, depois de termos sido seriados com base na nota do exame de acesso à especialidade, cada um escolhe a especialidade que quer. O internato da especialidade dura entre 4 e 6 anos.
Ou seja, quando acabamos o curso (os 6 primeiros anos) não somos médicos mas sim "pré-médicos".
Para sermos Médicos, em Portugal, temos de fazer um internato (=especialidade).

Ao longo dos últimos anos tem-se assistido a um aumento do número de alunos que entram em Medicina em Portugal (as faculdades têm aberto sempre mais vagas). Contudo neste momento o país não tem capacidade para formar tantos especialistas como o número de alunos que entram.
Resultado: muito em breve vamos ter pessoas a acabar o curso que não vão ter vaga para entrarem na especialidade e, portanto, não irão ser Médicos.

Gostava que me dessem a vossa opinião sobre este assunto porque é sempre bom ter uma opinião vinda "de fora".


9 comentários:

victinho disse...

Pois, lamentavelmente continuamos a ser o pequeno pais do faz de conta! Aqui em Portugal dizem "vai, força ,faz" depois chega-se a meio do caminho e aparece a portagem...ou seja vai, força, faz, depois dizem "Oh desculpa era a brincar."
Já no meu curso a situação actual é identica, ou seja quando o fiz a turma tinha 15 alunos e era só uma turma por cada ano. HÁ já alguns anos duplicaram ou triplicaram as turmas por ano com 20 e tal alunos, ou seja jovens que seguem uma ilusão e que a realidade portuguesa se encarregará de os levar para o desemprego. Enfim com diz a musica " ai Portugal, Portugal de que é que tu estás á espera?" Mas não desesperes, tu tens uma grande força dentro de ti, continua a lutar segue os teus objectivos sempre com a determinação que tives te até agora, e se o teu caminho está para além deste pequeno rectangulo ( com as flores deste jardim muito murchas ) então acho que deves tentar ;) beijokitas grandes.

Luís disse...

Eu acho que tu vais conseguir um trabalho aqui neste país à beira mar plantado, apesar de todas as contrariedades. Tu tens excelentes notas e com a tua capacidade, acho que alguém te vai "agarrar".
O meu primeiro impulso foi: tenta lá fora...
Se começares a ver as coisas negras, tenta fazer o internato fora.
Este país está a tornar-se um "No Man's Land".

BEIJINHOOOOOSSSSSS :)

Incógnita disse...

Parece-mne tudo uma incongruência. Temos médicos espanhóis e afins nos nossos hospitais, por suposta falta de médicos portugueses, e depois não há vagas para os nossos "pré-médicos" fazerem a especialidade que os tornará "médicos legítimos".
E o que faremos com essas pessoas que são "pré-médicos"? Estiveram 6 anos na faculdade para não poderem sequer exercer? Não compreendo.

Morce disse...

Infelizmente a realidade da Medicina, é a de quase todos os cursos em Portugal. Quantos licenciados não exercem a profissão para a qual andaram anos a estudar? No teu caso, é o teu sonho, é aquilo que te faz levantar todos os dias da cama com um sorriso na cara, e por isso mesmo, é algo de que não deves desistir nem abdicar, e deves, acima de tudo, acreditar em ti.

Jo disse...

Obrigada a todos pelas opiniões:)

Victinho e Luís, claro que se tiver de ir para fora deste rectângulo irei. Não queria, adoro isto aqui, digam o que disserem vivemos no melhor país do mundo, mas não consigo ficar cá a olhar para o ar. Quanto a fazer o internato da especialidade fora é mais complicado... nos outros países (Inglaterra, França, Nova Zelândia, etc...) há procura de especialistas mas nem por isso de "pré-médicos".

Querida Incógnita, não faço ideia do que vai acontecer a essas pessoas, provavelmente vamos ver desemprego, como nas outras profissões, mas ainda não há respostas para isso.

Querida Morce, é ligeiramente diferente dos outros cursos na medida em que ao contrário do que acontece nos outros cursos que exigem estágios para serem concluídos, o nosso internato da especialidade tem de ser realizado em instituições (hospitais) do Estado e não em privados (ainda não foi reconhecida a nenhum privado a capacidade de formar especialistas).

Beijinhos a todos e obrigada:)

Sara disse...

Joaninha acredito que quem trabalha no duro e tem óptimas notas (como tu) vai conseguir aquilo para que estuda. A realidade é que existem médicos de todos os países e mais alguns cá e isso não permite que aqueles que se estejam a formar cá consigam emprego tão facilmente ou então fazer a dita especialidade. É complicado arranjar uma resposta para isso porque se por um lado o Ensino Superior começa a ser para todos, por outro este começa a ficar com imensa gente pela falta de políticas para melhor gestão deste tipo de coisas. Acredito que as coisas não fiquem assim para sempre e que as coisas mudem :)

' disse...

Eu nao sei grande coisa sobre os médicos que vêm de fora, nao sei como cá vêm parar, como conseguem os contratos fantásticos que supostamente conseguem. Mas quase que aposto um órgão impar em como já vêm como especialistas.

Relativamente às notas fantásticas da Jo o que vos tenho a dizer é que se ela tiver no exame de acesso a média que tem agora e houver 1500 vagas para 4000 pessoas nao fica em Lisboa de certeza e é preciso um bocadinho de sorte para que consiga ficar onde quer que seja. E quem diz ela, diz eu. É duro, mas é a verdade.

Jo disse...

Saroka, as minhas notas não são assim TÃO óptimas quanto isso. São boas, não tenho propriamente vergonha delas, mas a maioria das pessoas tem notas igualmente boas ou melhores.
Tal como a ' eu também não sei bem de onde vêm os contratos para a malta de fora mas, tal como ela também eu tenho ideia de que os médicos que estão a ser contratados são especialistas.
', andamos a apostar muitas vezes órgãos ímpares, isto fica perigoso:p tens razão que se assim for nos vamos ver bem aflitas para ficar com uma vaga com interesse aqui no rectângulo, mas também não acredito que a diferença entre o nº de candidatos e de vagas seja assim tão grande (hope not...)

' disse...

O primeiro a sair é a vesícula :b Começava por apostar o apêndice, mas esse já saiu (numa aposta deste género, quem sabe). Quanto à nao grande diferença, com certeza que nao te estas a lembrar que no nosso ano, e sem ano comum, vamos ser nos e o anteriores a nos a concorrer para as mesmas vagas. Isso é 4000 para 1500 vagas. É uma diferença grandita...