Estou no meu quarto com um artigo de 70 páginas à minha frente. As páginas não se viram sozinhas e eu também não as ajudo.
Estou há uns bons 10 minutos só a ouvir os miúdos da casa ao lado no jardim a jogar futebol. Tenho mesmo saudades do tempo em que chegava a casa depois da escola, lanchava, fazia uma cópia, o abecedário com maiúsculas e minúsculas, eventualmente algumas tabuadas e ia eu para o jardim jogar futebol com o meu irmão e com os meus vizinhos do lado. Fazíamos da entrada da casa um autêntico campo de futebol. O portão era uma baliza e as portadas da casa a outra. Havia correrias, joelhos esfolados, vidros partidos... E quando a bola saia para a rua e tínhamos de a ir buscar à estrada? Ia sempre o R. Era o rapaz mais velho e o que se deveria orientar melhor com os carros para não ser atropelado. Nunca foi. E de cada vez que voltava com a bola na mão quase fazíamos uma festa. Agora que penso nisso aquilo não era assim tão perigoso quanto isso. Vivíamos numa zona residencial, ali praticamente só passavam os moradores e regra geral não se andava a grandes velocidades.
Tenho saudades desse tempo em que as minhas maiores preocupações eram saber se o R. voltava do outro lado da estrada são e salvo e se conseguíamos que o meu pai não reparasse no vidro partido do candeeiro (demorou anos a notar).
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