quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Das histórias que se ouvem lá pelos lados da psiquiatria

Ontem confesso que foi difícil. Ter à minha frente uma rapariga pouco mais velha que eu cujo filho de 6 meses morreu. E ver estampada na cara dela toda aquela dor, aquela tristeza, o sentimento de culpa e a sensação de que a vida deixou de fazer sentido. O olhar vazio e perdido. Podia ter feito tudo diferente. Uma pequena diferença naquele dia poderia fazer com que o bebé estivesse vivo. Se tivesse chegado mais cedo... Se tivesse ligado... Se o bebé tivesse ficado em casa... Mas a vida é mesmo assim. E ninguém  podia adivinhar que aquela tragédia podia acontecer. Acontece. Aconteceu.
Pela primeira vez na minha vida senti as lágrimas a virem-me aos olhos numa consulta, mas aguentei-as e pensei no egoísmo que seria eu estar a chorar e ela não. Para mim foi um dia difícil. Para ela, todos estes dias foram e serão insuportáveis.

2 comentários:

Mundos Mudos disse...

:(

A Minha Essência disse...

É um tema que não tem palavras. Não há explicação por mais que se queira fazer. Só se consegue sentir e sentir o que nos vem na alma. O que nos vem no coração. O que nos vem na mente. Só sentir, não interpretar. Pois é sobre-humano tal acto na junção dos outros.

:(