E passou tão rápido!!!
Agora é apenas uma questão de burocracias e acho que posso dizer que sou licenciada (ainda nem me habituei à ideia). Segue-se o mestrado, que é integrado, e sem o qual não poderia fazer praticamente nada. É Bolonha no seu melhor, mas para os devidos efeitos, sim, estarei licenciada assim que os senhores da secretaria se dêm ao trabalho de passar as minhas notas todas para o sistema informático.
Há 3 anos atrás estava a roer as unhas a pensar se ficava cá ou se ia para Navarra. Tinha sido admitida e só estava mesmo à espera de saber se tinha entrado cá ou não para decidir o meu destino.
Quando soube que tinha entrado cá foi um misto de alegria com tristeza. Por um lado tinha aquilo que sempre tinha querido. Entrar na Faculdade de Medicina que eu via como mais prestigiada do país, relativamente pertinho de casa, tudo de acordo com o que há alguns anos planeava. Mas por outro lado senti a aventura de ir para fora fugir. Senti a minha tão desejada independência a ficar bem atadinha à minha casa de sempre. Já me tinha imaginado sozinha aos fins-de-semana a passear pelas ruas lindíssimas de Navarra. A correr no campus para fazer um exercíciozito. A conhecer um monte de gente nova, com outra língua, outra cultura. A fazer noitadas com os amigos, não sempre porque sou responsável, mas de vez em quando, muitas mais do que as que faço cá. A não ter de dar justificações a ninguém de para onde ia, de onde vinha, a que horas chegava ou até de se se passava alguma coisa.
De qualquer forma fui eu que escolhi ficar. Podia ter ido se assim o quisesse, entrei por mérito meu. Estudei o programa do 12º ano espanhol em umas 3 semanas. Concorri em igualdade de circunstâncias com os alunos espanhois, fiz prova de espanhol igual à deles e mesmo assim entrei. Por isso os meus pais disseram que se eu quisesse mesmo ir faziam o esforço. E eu ainda ponderei, mas acabei por decidir ficar.
De vez em quando pergunto-me se terei feito bem. Se não valia mais ter ido, ter deixado isto tudo para trás e começado do zero, partido à aventura a ver no que dava. Mas regra geral chego sempre à mesma conclusão. Ainda bem que fiquei. Não sei o que teria acontecido lá, mas sei que cá, regra geral, nestes 3 anos até fui muito feliz. Foi nestes 3 anos que vivi os melhores momentos da minha vida até agora e também alguns maus momentos mas que não foram insuportáveis e por isso o balanço é estupidamente positivo. Conheci pessoas que encheram a minha vida, tanto tanto tanto que são aquelas pessoas que me fazem sentir que não preciso de mais nada desde que esteja ali com elas. E, tal como teria acontecido se tivesse ido para fora, as pessoas que valiam a pena ficaram e as que não valiam foram esquecidas.
Cresci. Não sei se tanto como se tivesse ido para fora, mas sinceramente não queria ter crescido mais. Já me acho demasiadamente madura, já me sinto tantas vezes tão crescida que dispenso qualquer crescimento acrescido que o estudar fora me pudesse ter trazido.
Teria sido diferente com toda a certeza, mas não sei se teria sido melhor.
Cá foi bom. E o melhor ainda está para vir.
Anos clínicos, aqui vou eu!