sábado, 19 de março de 2011

Pai

Não vou dizer que o meu pai é o melhor pai do mundo. Não conheço os outros.
O meu pai tem falhas, defeitos vários. Mas também tem qualidades.
O meu pai sempre esteve presente em todos os momentos importantes da minha vida. E só não esteve no momento do meu nascimento porque teve o bom senso de perceber que mais provavel era cair para o lado assim que o médico pensasse em cortar a barriga da minha mãe.
O meu pai mudou-me muitas fraldas, deu-me muitas vezes o biberão durante a noite, o banho e ajudou-me a vestir. Penteava-me o cabelo todas as noites cem vezes com a escova, como as princesas faziam (embora nunca tivesse conseguido aprender a fazer-me tranças) e todas as noites rezava comigo e com o meu irmão e cantavamos uma música antes de adormecer. Fazia-me festinhas nas costas e, quando estava calor, abanava-me os lençois.
Todos os dias fazíamos os trabalhos de casa juntos. Aquelas cópias de uma página que demoravam séculos a fazer, as tabuadas todas desda do um à do dez, as composições... Às vezes, quando já era tarde e eu estava muito cansada, combinavamos e eu fazia o desenho no final da composição e ele pintava. Só nunca teve jeito nenhum para me ajudar a escrever poemas. É que para ele até rimas simples do estilo "Fui a beira-mar e fartei-me de brincar" podiam levar horas a inventar.
Todos os fins-de-semana íamos a parques ou a museus. Foi o meu pai que me levou pela primeira vez à ópera, quando tinha uns 11 anos, ver a Carmen de Bizet e ainda hoje me lembro da sensação de entrar no São Carlos com o meu pai e de me sentir mesmo crescida.
O meu pai nunca gostou que eu jogasse futebol mas nunca perdeu um único jogo.
Foi chato quando lhe pedi para sair até mais tarde, para ficar a dormir em casa de amigas, para me deixar ir ao cinema, à discoteca ou ao restaurante. Umas vezes consegui o que queria, outras vezes não, mas foram os vários nãos que levei que fizeram de mim a pessoa que sou hoje e por isso posso estar-lhe agradecida.
O meu pai fez-me a vida negra para namorar com o T. no secundário, mas hoje (ao contrário do que achava na altura) sei que o T. também não era o homem da minha vida.
Foi o meu pai que esteve quase sempre ao meu lado no carro quando comecei a conduzir. E era ele que me chateava com as mudanças até eu ficar maluca, mas o resultado final não foi mau dado que até hoje só bati uma vez e nem o meu carro pode testemunhar isso (obrigada meu querido pára-choques por teres permitido que não tenha ficado uma única marquinha em nenhum dos carros).
Hoje sei que prescindi de muitas coisas por causa dele, muitas mais do que aquelas que ele pensa, mas também sei que ele prescindiu de muitas outras por minha causa, por isso acho que estamos quites.
Feliz dia do Pai

6 comentários:

Morce disse...

Este texto está mesmo bonito! =)

Sara disse...

:D

Incógnita disse...

Que bonito! Tenho a certeza que ele tem um orgulho ENORME pela filha que tem.

Jo disse...

:)
Querida Incógnita, isso acho que depende dos dias:p
Bjinhos às 3*

Buttafly...fly...fly... disse...

Gostei tanto, dear J... :)

Beijinho!

Jo disse...

Welcome back babe butta:)
P.S.: Espero q o blog volte. Não tem de ser já, mas um dia destes:)
Cutxi Bjinhos