quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Das histórias que se ouvem lá pelos lados da psiquiatria

Ontem confesso que foi difícil. Ter à minha frente uma rapariga pouco mais velha que eu cujo filho de 6 meses morreu. E ver estampada na cara dela toda aquela dor, aquela tristeza, o sentimento de culpa e a sensação de que a vida deixou de fazer sentido. O olhar vazio e perdido. Podia ter feito tudo diferente. Uma pequena diferença naquele dia poderia fazer com que o bebé estivesse vivo. Se tivesse chegado mais cedo... Se tivesse ligado... Se o bebé tivesse ficado em casa... Mas a vida é mesmo assim. E ninguém  podia adivinhar que aquela tragédia podia acontecer. Acontece. Aconteceu.
Pela primeira vez na minha vida senti as lágrimas a virem-me aos olhos numa consulta, mas aguentei-as e pensei no egoísmo que seria eu estar a chorar e ela não. Para mim foi um dia difícil. Para ela, todos estes dias foram e serão insuportáveis.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Do quarto

Estou a fazer estágio de psiquiatria. Até agora o meu papel mais activo foi mesmo em conseguir passar a minha constipação a TODOS os psiquiatras do serviço. Eu já estou quase boa.
Acho que já sei qual é o estágio em que vou ter pior nota...

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Dia dos namorados

Há uns tempos uma amiga minha convidou-me para fazer um programa este fim-de-semana. Disse-lhe que não podia, que era dia dos namorados e que tinha planos. E ela respondeu-me: "não sabia que ligavas assim tanto a essas coisas dos dias dos namorados". 
Não ligo particularmente. Não acho que seja um dia tão diferente de todos os meus outros dias. Mas apesar disso até gosto do dia dos namorados. Sempre gostei, mesmo quando não tinha namorado achava que é um dia importante (embora em alguns anos tenha ficado em casa a pensar que a vida não fazia sentido).
Não é que seja um dia que em teoria devesse ser diferente de todos os outros. Teoricamente todos os dias devem ser especiais, em todos os dias devíamos mimar o namorado e dar presentes e escrever cartões românticos. Mas a verdade é que a vida do dia-a-dia não o permite. E por mais que se tente é impossível que todos os dias sejam exclusivamente dedicados àquela pessoa. É impossível que não haja dias em que se está triste, zangado, implicativo ou chateado. Dias em que se está cansado. É impossível comprarmos presentes todos os dias. Ou todos os dias termos inspiração para escrever coisas fofinhas ou até para dizer. E é por isso que o dia dos namorados é importante. É um dia em que forçosamente tens de pensar no namoro (mais que não seja porque tens a caixa de email cheia de promoções para este dia e todas as montras cheias de corações). E pensar na relação é uma coisa boa. Faz-te valorizar o que de melhor ela tem e perceber onde estão os pontos fracos. E isso dá-te (ou pelo menos a mim dá-me) vontade de dar mais, de ser melhor, de dar mais mimos, mais presentes, mais presença. Todos os dias. Mas se não for possível, pelo menos hoje é garantido.

Feliz dia dos namorados!

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Sabia que era uma questão de tempo...

O problema de fazeres estágios no hospital da tua área de residência é que, mais cedo ou mais tarde, vais assistir a uma consulta de um senhor que te vende o pão a queixar-se que tem dores aquando da erecção...