segunda-feira, 29 de outubro de 2012

"Bridge over troubled water"

Ninguém é perfeito.
Até podes achar que sim, que alguém é perfeito, um herói, mas a verdade é que não é. Ninguém é. Nada é.
Podes idealizar tudo o que queiras que nada te garante que corra como pensaste. Mesmo quando és naturalmente pessimista (realista?) e já não tens grande fé na humanidade em geral, corres sérios riscos de ser surpreendida pela negativa.
E sim, eu sei que às vezes parece que tudo acontece ao mesmo tempo, tudo cai, tudo se desmorona, tudo apodrece. E também conheço a sensação de ter de ser o pilar que aguenta em cima tudo o que a uma velocidade alucinante se desfaz, como areia a cair-te por entre os dedos. Porque tens de ser forte, porque, afinal, és quase médica e se lidas com a morte todos os dias (que raio de ideia que as pessoas têm...) então consegues aguentar com qualquer camião de carga emocional.
E a verdade é esta: sim, tens de ser o pilar. E sim, é horrível, mas vais ter de te aguentar. Mas também é verdade que podes gritar. E chorar.
Também é verdade que não tens de gritar e chorar sozinha. Queres ser a "bridge over troubled water" e podes ser (não é uma opção, eu sei). Mas sabe que podes contar comigo para ir reforçando os pregos e os parafusos e ir reconstruindo os bocados de ponte que a água te vai arrancando.

domingo, 28 de outubro de 2012

Mas o que é que se passou aqui?

De repente, ao abrir o Facebook, apercebi-me de que nos últimos 2 meses 3 antigos colegas meus de escola foram pais.
Um deles foi pai pela 2ª vez e até é mais novo do que eu.

Por aqui estuda-se pediatria. É o mais próximo que tenciono estar de ter bebés nos próximos anos.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Impressionante

Como é que é possível que tenhamos entrado 400 pessoas para a minha faculdade no meu ano e nos dias em que faltam 2 ou 3 parece que a faculdade está vazia e que estou lá sozinha...

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Actualização

Tenho andado meia desaparecida daqui, é verdade. Mas como eu sou sempre assim vocês já se habituaram.
Tenho andado muito ocupada.
Fui efectivamente ao Porto naquele fim-de-semana que vos tinha dito. O "congresso" foi espectacular e garanto que no próximo ano se estiver por terras lusas nessa altura irei outra vez. Todos os oradores estiveram empenhados em que percebêssemos as informações que nos tentavam passar, as apresentações eram muito apelativas e os workshops foram também excelentes. Só o de pequena cirurgia é que deixou um bocadinho a desejar porque estava à espera de aprender vários tipos de pontos e nós e acabei por só praticar aquilo que já sabia.
Mas adorei, fartei-me de passear, fui a Matosinhos, às francesinhas, a Serralves... resumindo, ultrapassou as minhas expectativas.

Entretanto já comecei as aulas. Na primeira semana tive só uma cadeira optativa. Escolhi genética clínica porque não tivemos muito contacto com a clínica nesta área durante o curso. E por isso conheci o D., com 12 anos e 1,83m de altura (Síndrome de Marfan, para quem queira saber), a L., com 2 dias e Trissomia 21, o J., com 3 dias e uma atrésia ano-rectal, o Sr. M, de 45 anos, que teve um irmão que morreu com problemas do coração no ano passado e que veio fazer testes para ver se tinha o mesmo problema, e mais umas quantas pessoas que me fizeram levantar todos os dias às 6 da manhã quando podia bem ter ficado mais uma semaninha de férias.
Agora já comecei as aulas "normais". É o nosso último ano de aulas. É raro o dia em que não penso nisso. Somos os mais "avançados" lá do sítio. Ainda me lembro de quando entrei para a faculdade e olhava para o pessoal do 5º ano e pensava que já deviam ser uns deuses da medicina e saber tudinho. Agora não me sinto uma deusa da medicina. Nem perto de isso. Continuo a sentir-me uma miúda. Sei que sei muitas coisas mas acima de tudo sei que há muitas coisas que não sei. E olho para os meus amigos e embora esteja cheia de orgulho deles também, não posso acreditar que já se passaram 5 anos e que no próximo começam os estágios a tempo inteiro e irá inevitavelmente cada um para o seu hospital. Este é o último ano de aulas. E ainda assim continuo a enganar-me nos nomes dos anfiteatros. Passou tudo tão depressa...
Comecei pelas cadeiras cirúrgicas e Pediatria este semestre. Não sou grande fã de Cirurgia, como alguns de vocês sabem, mas a Pediatria até que me enche as medidas. Gosto de Medicina Interna e a Pediatria não é mais do que a Medicina Interna das crianças, portanto está tudo bem. Tinha algumas esperanças de que este ano a cirurgia me conquistasse um bocadinho mais mas hoje tive a primeira aula de Cirurgia 2 e já percebi que dificilmente isso vai acontecer.
Prometo tentar arranjar um tempinho de vez em quando para aqui vir dar notícias.